Quando o assunto é golpe financeiro, muita gente acredita que só a pessoa física está vulnerável. Mas a realidade é outra.
Empresas — inclusive as bem estruturadas — também estão cada vez mais na mira dos golpistas.
Afinal, o comportamento criminoso se adapta ao alvo. O que muda são as abordagens, os canais e, muitas vezes, o valor envolvido.
Em comum, tanto pessoas quanto negócios são vítimas de distrações, urgências forjadas e promessas que parecem boas demais para serem verdade.
Neste artigo, você vai entender as diferenças entre os golpes que atingem empresas e indivíduos, os riscos mais frequentes em cada cenário e o que pode ser feito para prevenir perdas.
Os golpes mais comuns entre pessoas físicas
O golpe do Pix errado talvez seja o mais conhecido — e o que mais se espalhou nos últimos anos.
Com uma narrativa simples, o golpista envia um valor simbólico para a conta da vítima e, logo depois, entra em contato pedindo a devolução.
A movimentação rápida confunde a pessoa, que, sem checar os dados, acaba transferindo um valor muito maior do que recebeu.
Nesses casos, é possível — mas não garantido — tentar reverter a situação.
Entender como recuperar Pix de golpe é fundamental para agir com rapidez e acionar os canais corretos, como o banco, a instituição financeira e até a polícia, quando necessário.
Outros golpes comuns em pessoas físicas envolvem:
- Clonagem de WhatsApp para pedir dinheiro a contatos próximos;
- Links falsos com ofertas imperdíveis e redirecionamento para páginas fraudulentas;
- Ligações de falsas centrais de banco pedindo “confirmação de dados”;
- Falsos boletos emitidos para desviar pagamentos de contas reais.
Em todos esses casos, o fator emocional costuma ser o gatilho: urgência, medo, empatia ou confiança excessiva.
Como os golpes atingem empresas
As empresas também são vítimas frequentes — especialmente as de pequeno e médio porte, onde os processos de checagem são menos estruturados.
Um golpe recorrente é o do falso fornecedor. Nele, os golpistas se passam por empresas legítimas e enviam boletos falsos em nome de parceiros reais.
Como os dados parecem corretos e os e-mails são bem elaborados, muitos pagamentos são feitos sem verificação.
Há também tentativas de invasão a sistemas, envio de notas fiscais falsas e golpes que exploram brechas em processos de compras, TI ou financeiro.
Outro ponto crítico está nos cadastros.
Empresas que não realizam uma consulta de CNPJ antes de fechar parcerias podem cair em armadilhas com empresas inativas, endividadas ou até fantasmas.
Nesse contexto, os prejuízos são muitas vezes maiores, e a recuperação é mais complexa — já que envolve contratos, fornecedores, valores altos e, muitas vezes, má-fé bem planejada.
O que pessoas e empresas têm em comum?
Apesar das diferenças nas abordagens, os mecanismos usados pelos golpistas são semelhantes.
Eles se aproveitam da pressa, da desatenção e da falta de verificação.
Criam contextos convincentes, copiam marcas conhecidas, usam dados reais (muitas vezes obtidos em vazamentos anteriores) e atuam em canais de alta confiança — como WhatsApp, e-mail ou telefone.
Além disso, tanto pessoas quanto empresas sofrem com a mesma consequência: a perda da confiança.
Depois de cair em um golpe, é comum que o medo de novos ataques paralise decisões, atrase transações e crie um clima de insegurança que afeta o dia a dia.
Portanto, a melhor defesa é uma combinação de atenção, cultura de verificação e uso de ferramentas de apoio para checar informações antes de agir.
A importância de processos claros e modelos de negócio bem definidos
Empresas que não têm processos bem estabelecidos tendem a ser mais vulneráveis.
Quando não há regras claras sobre pagamentos, conferência de dados, validação de fornecedores ou autorização de compras, a margem para erro — ou para fraude — aumenta.
Além disso, muitos negócios ainda operam em formatos informais ou mal estruturados.
Migrar de MEI para ME, por exemplo, é uma forma de ganhar mais controle sobre o negócio, ampliar limites operacionais e organizar as responsabilidades fiscais e jurídicas.
Ter uma estrutura mais robusta facilita a adoção de processos de segurança, segmenta funções entre os sócios ou funcionários e ajuda a identificar comportamentos suspeitos com mais rapidez.
Isso vale, inclusive, para casos em que a própria equipe pode estar envolvida — algo que, infelizmente, também faz parte do risco de fraude empresarial.
Como prevenir (de verdade) os principais golpes
A prevenção exige postura ativa. Não basta “ter cuidado” — é preciso criar barreiras reais.
Algumas atitudes simples fazem toda a diferença:
- Confirmar sempre os dados antes de qualquer transferência ou pagamento;
- Desconfiar de mensagens ou e-mails com urgência exagerada ou fora do padrão;
- Adotar dupla verificação em contas bancárias, redes sociais e plataformas corporativas;
- Utilizar ferramentas de consulta para verificar CPF ou CNPJ antes de qualquer negociação;
- Estabelecer processos internos claros de validação de boletos, contratos e fornecedores;
- Manter um histórico organizado de pagamentos, recebimentos e cadastros.
Além disso, investir em treinamentos para a equipe — mesmo que curtos — pode ajudar a criar uma cultura de atenção e cuidado.
Especialmente em áreas mais expostas, como financeiro, comercial e atendimento.
Sim, pessoas e empresas caem nos mesmos golpes. O que muda é o formato, o canal e, muitas vezes, o tamanho do prejuízo.
Ao longo deste artigo, vimos que os ataques se aproveitam da confiança, da pressa e da falta de checagem.
Mas também vimos que há formas de se proteger — desde atitudes simples no dia a dia até a adoção de ferramentas e mudanças na estrutura do negócio.
Em um cenário cada vez mais digital, segurança não pode ser tratada como algo opcional.
Ela precisa estar integrada à rotina, à cultura e às decisões — tanto pessoais quanto profissionais.
Porque, no fim das contas, o que protege de verdade não é o medo. É a informação, a organização e a escolha de agir com cautela antes de clicar, pagar ou confiar.