Neste período em que cresce o endividamento dos brasileiros, veja dicas fundamentais para você organizar suas finanças e não cair em cilada.
O índice de endividamento dos brasileiros mais pobres, ganhando até 10 salários mínimos, atingiu um recorde e chegou a 80,3% em setembro de 2022. Os dados são da mais recente medição realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) mostrou também que mesmo famílias com renda superior têm um alto índice de endividamento, embora o número tenha se mantido estável em relação à pesquisa anterior, em 75,9%.
Neste texto vamos abordar o endividamento como problema nacional, suas causas e como evitar fazer parte desse grupo.
Endividamento é problema nacional
O endividamento não é uma situação que atinge apenas determinada parcela da população, mas um problema nacional que reflete no bem-estar das famílias, limita a capacidade de consumo e impacta na economia.
O número de famílias endividadas, tanto de baixa renda como alta, levantado pela Peic e divulgado pela CNC, indicou uma terceira alta consecutiva, totalizando 79,3% em setembro.
A boa notícia é que, em outubro, foi registrada uma ligeira queda de um ponto percentual, deixando o índice de endividamento em 79,2%.
Os estados com os maiores percentuais de famílias endividadas são Paraná (95,8%), Rio Grande do Sul (91,9%), Rio de Janeiro (89,7%), Espírito Santo (88,5%) e Minas Gerais (87,2%).
O alto índice de endividamento mostra a dificuldade das famílias em pagar todas as suas contas dentro do orçamento, o que pode resultar no aumento da inadimplência e na alta de juros.
E é o que a pesquisa mostra, a quantidade de brasileiros com contas atrasadas levou a inadimplência para a casa recorde dos 30,3%, somando a quarta alta seguida.
Esse foi o maior percentual desde que o levantamento começou a ser realizado, em 2010, e cresceu em 12 estados de setembro a outubro, sendo que os que mais têm contas atrasadas são Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Minas Gerais e Roraima.
O levantamento leva em consideração dívidas a vencer de cartão de crédito, cheque especial e pré-datado, carnês, empréstimos e prestações.
A seguir, veja quais são os principais fatores que levam ao endividamento.
Qual o principal motivo do endividamento?
São muitos os motivos que levam uma pessoa a se endividar e, em um ano, a proporção de endividamento no cartão de crédito e do cheque especial aumentou, embora essas modalidades tenham altas taxas de juros.
A alta da inflação reduz o poder de compra dos brasileiros, que encontram nessas modalidades um acesso fácil a crédito.
Segundo a pesquisa da CNC, o maior vilão desse recorde negativo é o cartão de crédito, sendo que mais de 85% das dívidas são nessa modalidade.
Além dos juros altos, o desemprego também impulsiona o endividamento, aliado à falta de educação financeira, ao consumo em excesso e à baixa renda.
Não é cultura do brasileiro economizar, ter uma reserva de emergência, separar parte do orçamento para investir a fim de ter um retorno maior.
Ao mesmo tempo, o consumo desenfreado, os inúmeros sites com ofertas de produtos e serviços em todas as categorias ajudam a elevar o endividamento e, mesmo que uma compra seja desnecessária, ela acaba sendo feita e novas contas vão surgindo.
Como evitar o endividamento
É importante entender que ter uma dívida não significa estar inadimplente. Por exemplo, se você faz uma compra parcelada no cartão de crédito, então terá uma dívida até quitar o valor total e, se realizar o pagamento mensalmente e em dia, não estará inadimplente.
Mas se você assumir um compromisso financeiro, seja com o cartão ou de qualquer outro tipo, como o financiamento de um carro novo, e em algum momento deixar de pagar as parcelas, ficará com as contas atrasadas e se tornará inadimplente.
E quando isso ocorre, o endividamento aumenta ainda mais, pois ao valor devido pela compra são acrescidos juros e multas.
Por isso é importante controlar seu orçamento pessoal e familiar, evitando gastos exuberantes e contas desnecessárias.
A seguir, veja como evitar o endividamento.
Educação financeira
Desenvolva uma relação saudável com o dinheiro, tenha conhecimento sobre as suas finanças, quanto você ganha e quais são seus gastos.
Pense no seu orçamento em setores: despesas básicas (água, luz, aluguel, alimento…), em lazer, estudos, saúde e outros, de emergência e para poupar ou investir.
Considere que, para não se endividar, o ideal é manter todas as despesas abaixo da sua receita. Se você e sua família têm uma renda de R$ 4 mil no mês, planeje-se para manter os gastos abaixo disso.
É claro que você pode recorrer ao crédito, seja de cartão ou de um empréstimo pessoal, ou a um financiamento, mas informe-se sobre a taxa de juros antes de assumir esse compromisso.
Gaste com consciência
Ter um alto limite de cheque especial ou no cartão de crédito, ver o salário recém-depositado na conta ou mesmo ter à disposição o valor de um empréstimo pode passar a ideia de que há dinheiro para tudo.
Mas sabemos que isso não é verdade, e para que o nosso orçamento dê conta de todos os gastos mensais, é preciso gastá-lo com consciência.
Então, evite consumir por impulso e pense se você realmente precisa daquilo e, se a resposta for positiva, pesquise preços e condições antes de comprar.
Ainda, dê preferência por compras à vista ou evite parcelamentos muito longos, e olhe com atenção para os pequenos gastos.
Às vezes, compras supérfluas – seja de um cafezinho que você poderia ter tomado em casa ou de um objetivo do qual você nem precisa (mas estava em promoção) – tomam boa parte do seu orçamento quando somadas.
Busque o equilíbrio
Se você está sempre endividado ou com medo de não conseguir pagar as contas em dia, mude seus hábitos. Busque o equilíbrio financeiro, repense seus gastos, faça cortes onde é possível, não assuma novas contas e nunca perca de vista as contas que já possui.
Anote todos os seus gastos, faça uma planilha para controlar para onde seu dinheiro vai todos os meses, planeje suas compras e tenha prioridades, reserve parte do seu orçamento para o pagamento das contas básicas e recorrentes. Assim, você saberá quanto sobrará para emergências e para ser usado como poder de compra.
Um bom recurso é utilizar as ferramentas de uma conta digital para se organizar.
E na hora de fazer uma nova compra, saiba sempre se uma nova parcela não vai fazer você ultrapassar seu orçamento, certificando-se de que a nova dívida que está adquirindo cabe no seu orçamento.